domingo, 8 de novembro de 2009

Monólogos da Vagina

Vagina. Digo vagina porque aquilo que não dizemos, nem reconhecemos torna-se segredo e este cria vergonhas, mitos e medos”

É assim que inicia a peça de Teatro Monólogos da Vagina interpretada por Ana Brito e Cunha, Guida Maria e São José Correia e encenada por Isabel Medina.

Um cenário super simples apenas três mulheres, três cadeiras, três microfones, focos de luzes vermelhas para falar de Vaginas. Ao falar de vaginas transporta-se logo o tema para o mundo erótico e pornográfico, mas na verdade a linguagem usada é extremamente explícita mas não ordinária! No decorrer da peça fala-se em prazer, das intimidades conjugais, escapadelas e infidelidades, do nascimento dos bebés, do ciclo menstrual, assédio, violações, terapias de grupo e mutilação genital feminina.
O envolvimento humorístico é fantástico e realista! Na nossa sociedade a vagina é chamada de tudo menos de vagina lol de entre alguns exemplos citados confesso que m e ri muito, bem como a restante plateia, mas se transportarmos para as conversas e situações do dia a dia deparamo-nos que isto é mesmo verdade!


“ Passarinha, crica, racha, patareca, pita, cona, patanisca,racha, «cenaita» e bacalhau”


Aparte dos risos não podemos esquecer que as histórias contadas são verídicas, são testemunhos recolhidos a mais de 200 mulheres de todo o mundo. Falar da vagina, orgasmos, prazer, de forma aberta é extremamente constrangedor, principalmente para mulheres com idades mais avançadas. Muitas delas viveram toda a sua vida sem saber o que era a sua própria vagina.
Um dos monólogos relata a vida de uma rapariga da bósnia que fora violada durante a guerra na ex- Jugoslávia.


"A minha vagina era uma aldeia cheia de vida e húmida à beira do rio. Eles invadiram-na. Chacinaram e incendiaram-na. Agora já não lhe toco. Não a visito!”

Marcante é também a história de uma septuagenária que trata a sua vagina por "aquela coisa lá em baixo".


"É como uma cave. Esquecemo-nos de que existe. Repare… uma cave faz parte da casa mas não a vemos nem pensamos nela. Mas existe porque em todas as casas é necessária uma cave".

Isto porque o primeiro orgasmo fê-la passar por uma vergonha descomunal, ela teria molhado o carro do namorado, o que lhe valeu uma valente reprimenda o que fez com que nunca mais quisesse saber da sua vagina.

O objectivo desta peça não é expor a mulher, e perceber que diferentes tipos de mulheres, com diferentes tipos de cultura têm uma diferente relação coma sua vagina, e com o seu corpo. A peça ajuda a conhecer-nos enquanto mulheres, a sabermos o que somos, e porque certas coisas acontecem no nosso corpo, e ainda desmistifica alguns tabus.
Vi pessoas de todas as idades e estratos sociais o que é bom porque o teatro também é um meio de comunicação ajuda a abrir mentalidades. Apesar de ser um tema centrado nas mulheres a presença dos homens é fundamental, não se vão sentir mal! Assim, perceberam melhor o que é ser uma mulher, e as implicações que isso tem no dia a dia e perceber o porque de muitos receios e vergonha, ajudando-as a ultrapassar essas dificuldades, medos, preconceitos…

Não devemos ter vergonha de ser como somos, nem de ter dúvidas sobre o que acontece com o nosso corpo e para o que ele serve. Um/a ginecologista é sempre uma boa opção, uma conversa esclarecedora com alguém á nossa frente ajuda, se mesmo assim tem algum tipo de pudor, pode sempre consultar a internet! Verifique sempre se o site é fidedigno, ou qui ça terapia de grupo, pessoas com as mesmas dúvidas, receios, preconceitos, partilham experiências o que facilita e extinção dos mesmos.
Uma boa relação com a nossa intimidade e autoconhecimento permite uma relação mais saudável com os outros.


Meninas friday night on fire!

Kiss*